2º Encontro de Investigação FLUP
Práticas Interdisciplinares, Colaborativas e/ou Digitais nas Humanidades e Ciências Sociais
18-19 de Novembro de 2024 | Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Meta-ontologias para Algoritmos
Nos tempos de relacionamentos caracterizados pela considerável mediação digital, e até mesmo a interação direta com sistemas algorítmicos, tais como as inteligências artificiais conversacionais (IAC), argumentamos estar em uma liminaridade tecnológica na qual está a ocorrer uma transformação evolutiva nas finalidades originais de tais artefactos tecnológicos, em especial as IAC, que passaram a concentrar aspirações muito distintas, com os novos avanços obtidos. E tais transformações impactarão ainda mais nas formas como organizamos a nossa sociedade, para o “bem” e para o “mal”. Assim, as próximas gerações de IAC já apontam que serão diferenciadas do que há atualmente. Já existem indícios do que está por vir. Há a sensata preocupação sobre os dados, pois estes operam como rastros digitais e podem ser significados correlacionalmente em termos comportamentais, mesmo a níveis preditivos, como já ocorre nas redes sociais, por exemplo.
Assim, há que se perceber tais impactos pelas suas formas e níveis de intensidade, com meios de monitorá-los e mensurá-los. As questões éticas atualmente relevantes são frutos de uma dissonância entre o que há, em termos tecnológicos, e o que se pretende que seja. É a citada evolução dos fins, ou da teleologia. Se há gravidade nos atuais problemas, é provável que no futuro próximo ficarão ainda mais graves. Por isso, as influências que uma “nova” IAC pode realizar, além de outras questões éticas relevantes, como a privacidade e a desinformação, carecem de formas de mensuração que demandarão parâmetros de monitoramento da qualidade que ainda não existem, em termos quantificáveis e qualificáveis.
Um contributo precioso para as Ciências Sociais e Humanidades será a aposta no desenvolvimento de uma meta-ontologia que visa ser aplicável a questões não apenas objetivas, mas também subjetivas e relacionais, ou intersubjetivas. E esta meta-ontologia consiste em representações do conhecimento capaz de conter uma estrutura matricial organizadora e mensuradora, que possa monitorar algoritmicamente os impactos causados pelas IAC nos campos comportamentais, sociais, emocionais, cognitivos, éticos, mas não apenas. Tais estudos e simulacros serão apresentados expositivamente a partir de alguns valores relevantes (como empatia, justiça e neutralidade) escolhidos como variáveis e seus possíveis comportamentos derivados.
Palavras-chave: inteligência artificial, meta-ontologia, representação do conhecimento, ética relacional, design sensível aos valores