Podcast gerado por IA (Google Notebook)

Eis o PODCAST sobre a dissertação...

Dissertação de Mestrado

O DIÁLOGO COMO PRODUTO: A LIMINARIDADE DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CONVERSACIONAL

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Filosofia - Ramo de Ética e Filosofia Política, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e concluída em 2025.

Esta dissertação explora a fase de transição complexa e de grande potencialidade em que se encontra a inteligência artificial conversacional, denominada pelo autor como a "liminaridade da atualidade tecnológica". Num período onde o estável e previsível se torna o seu oposto, a investigação propõe um novo modelo metaontológico como forma de superar os problemas éticos atuais mais relevantes e desafiadores no campo da IA.

A motivação central da dissertação reside na identificação de uma dissonância teleológica entre o que se espera de uma IA e o que esta pode oferecer construtivamente. Argumenta-se que tal dissonância emerge de uma tradição filosófica com uma predileção pela extração de fragmentos da realidade, em detrimento da análise da sua complexidade inerente.

A dissertação estrutura-se em torno de uma análise que percorre desde a historicidade da problematização até uma projeção do futuro da IA, baseada na superação dos problemas atuais e nos recursos tecnológicos viáveis, evitando projeções puramente ficcionais.

Entre os temas e conceitos chave abordados na dissertação, destacam-se:

• A historicidade da problematização e a emergência relacional sob uma perspetiva filosófica, incluindo referências a Aristóteles, aos parmenidianos e a Descartes.

• Uma análise detalhada dos problemas éticos mais comuns associados à IA, com base no mapa proposto por Mittelstadt et al. (2016), e uma revisão ontológica necessária para uma compreensão mais profunda destas questões.

• A influência do "capital" no design, nos valores e na ética da IA, considerando a intencionalidade por detrás do desenvolvimento tecnológico e a conceptualização do diálogo como um produto.

• Uma reflexão sobre a natureza da ontologia no contexto digital, distinguindo-a das conceções tradicionais e explorando os modelos de representação do conhecimento.

• A limitação dos modelos psicológicos atuais na representação da individualidade na IA, utilizando o caso do "Big Five" como exemplo.

• A apresentação do Projeto Signo como um estudo de caso de design sensível aos valores e centrado nos humanos, ilustrando práticas eticamente responsáveis no desenvolvimento de aplicações tecnológicas.

• A questão da privacidade no futuro da IA, considerando a crescente exposição digital e a potencial secundarização deste valor.

• A exploração dos contributos filosófico-relacionais de Alfred North Whitehead (2010) como base teórica para uma modelagem metaontológica capaz de representar o dinamismo da atualidade.

• A urgência de investir na modelagem de um protocolo metaontológico de representação que permita lidar com a complexidade do diálogo e mitigar os riscos éticos inerentes ao desenvolvimento da IA.

A dissertação argumenta que a IA, enquanto produto, tanto supre como gera novas demandas, criando um ciclo complexo influenciado pela intencionalidade do capital. Defende-se a necessidade de avançar nas investigações ontológicas para derivar um protocolo metaontológico que permita uma representação mais fiel da realidade e das relações, superando as limitações das abordagens estáticas.

Este trabalho procura contribuir para uma compreensão mais aprofundada dos desafios e potencialidades da inteligência artificial conversacional, promovendo uma abordagem interdisciplinar que integra a filosofia e as ciências da informação para o engrandecimento da IA como meio de progresso.

Palavras-chave: Inteligência Artificial, IA Conversacional, Ética, Filosofia Política, Ontologia, Metaontologia, Diálogo como Produto, Liminaridade Tecnológica, Projeto Signo, Representação do Conhecimento, Whitehead.

Agradecimentos especiais são dirigidos aos orientadores, Prof.ª Dr.ª Maria João Couto e Prof. Dr. Domingos José Matos Sousa Faria, aos colegas do Projeto Signo e aos Doutores José Francisco Preto Meirinhos e Ricardo Melo pelo seu inestimável contributo.

Esta investigação foi parcialmente financiada pela Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT) e Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

Produzida filosoficamente para ser conhecimento prático e interdisciplinar

COMO A DISSERTAÇÃO ESTÁ ESTRUTURADA?

Sumário, Abstract e Introdução:

Estes elementos iniciais fornecem uma visão geral da dissertação, apresentando o tema central, os objetivos da investigação e um breve resumo dos principais argumentos e conclusões. A introdução contextualiza a relevância da temática da IA conversacional e a sua fase de "liminaridade", onde se busca ultrapassar os limites teóricos da Filosofia para contribuir com as Ciências da Informação. A dissertação propõe uma metaontologia estruturada nos saberes das ciências das humanidades para o engrandecimento da IA.

1. Em busca da verdadeira problematização – a historicidade:

Este capítulo dedica-se a uma análise histórica da Filosofia, com foco na Epistemologia, para demonstrar como a ênfase em elementos estáticos dificulta a compreensão de sistemas dinâmicos como a IA. Realiza-se uma crítica à herança "parmenidiana" e defende-se a necessidade de uma ontologia relacional que capture a dinâmica entre dados, algoritmos e utentes.

1.2. A emergência relacional pela perspetiva filosófica: Explora a mudança de foco filosófico do objeto para o sujeito e para as relações, mencionando contribuições de Kant e a relevância das relações para a significação. Aborda a apropriação como processo de conhecimento através da interpretação da narrativa. Sintetiza a evolução onto-epistemológica da Filosofia em direção a um modelo relacional.

1.2.8. Uma síntese com a emergência do “hífen” como relacional: Continua a reflexão sobre a importância das relações e do movimento na compreensão da IA.

1.3. Um mapa epistémico-ontológico da atualidade da IA: Introduz a necessidade de representar os problemas éticos em um esquema gráfico conexo, um "mapa representacional" da IA.

1.3.1. Sobre a Ontologia e as ontologias: Define o uso do termo "ontologia" na dissertação como um híbrido semântico entre a filosofia e as ciências da informação, focando na representação das significações nas dimensões subjetiva, intersubjetiva e objetiva. Discute a aplicação de uma padronização ontológica tanto para o mundo atual quanto para o digital.

1.3.2. Os modelos de representações do conhecimento: Explora como as ontologias são utilizadas no design de tecnologia para a gestão de dados e a interpretação de informações por algoritmos, com as relações no centro. Aponta que a base de aprendizado das IA conversacionais ocorre a partir de reproduções digitais de conversas humanas, levantando questões sobre a coerência e os valores nelas presentes.

1.4. A cartografia dos problemas éticos da atualidade: Apresenta uma análise dos problemas éticos da IA, criticando abordagens estáticas e a diferença teleológica entre o que a IA é e o que se pretende que seja.

1.4.1. O mapa dos problemas éticos: Analisa o mapa dos problemas éticos proposto por Mittelstadt et al. (2016), destacando sua fundamentação estrutural baseada no encadeamento operacional dos algoritmos. Apresenta e comenta cada um dos problemas mapeados (problemas epistemológicos, normativos e de responsabilização).

1.4.2. Uma necessária revisão ontológica para o mapa dos problemas éticos: Propõe uma revisão ontológica do mapa de problemas éticos, considerando as dimensões objetiva, intersubjetiva e subjetiva, bem como a intencionalidade do capital.

2. O diálogo como produto – as possibilidades para a IA:

Este capítulo explora a natureza do diálogo como produto, tanto como um fim em si mesmo (entretenimento, informação, companhia) quanto como um meio para o capital atingir outros objetivos (coleta de dados, manipulação, vendas).

2.1. Onde e quando queremos chegar?: Questiona os objetivos do desenvolvimento da IA.

2.2. A quarta dimensão: o capital como agente intencional: Introduz a intencionalidade do capital como um fator determinante no desenvolvimento da IA, explorando a relação entre as intencionalidades humanas e as do capital. Defende que o diálogo pode ser tanto um produto final quanto um meio para o capital.

2.3. A IA do futuro pela transitividade dos problemas éticos: Argumenta que os problemas éticos da IA são transitivos, dificultando a atribuição de origens isoladas.

2.4. A IA do futuro e a privacidade: Discute o futuro da privacidade na era da IA, sugerindo que poderá tornar-se secundária ou mesmo um produto a ser ofertado.

3. Em busca de um novo paradigma: a metaontologia dinâmica:

Este capítulo busca um novo paradigma para a compreensão da IA, baseado em uma metaontologia dinâmica capaz de integrar as dimensões objetiva, intersubjetiva e subjetiva.

3.2. Whitehead e seus contributos filosófico-relacionais: Apresenta a filosofia relacional de Alfred North Whitehead (2010) como uma possível fundamentação teórica para representar o dinamismo da atualidade. Explora conceitos como concrescência, preensão, contraste e nexos.

3.7. O caso do Projeto Signo: design, valores e ética: Analisa o Projeto Signo como um exemplo de design sensível aos valores, envolvendo stakeholders no processo de desenvolvimento ético da tecnologia.

3.8. Que quer dizer isto tudo, afinal? De Tales de Mileto à IA…: Reflete sobre a jornada filosófica desde os primórdios até a complexidade da IA, reiterando a necessidade de superar a liminaridade através do uso da IA como meio para o conhecimento.

Conclusão e Considerações Finais:

Este capítulo final resume os principais argumentos da dissertação, reforçando a necessidade de uma mudança de paradigma para uma visão dinâmica da IA. Destaca o papel fundamental do capital nesse processo e a importância de considerar a intencionalidade tanto do capital quanto dos utentes. Argumenta que o diálogo é um produto valioso e que os princípios metodológicos podem ser utilizados para analisar tanto o discurso dos utentes quanto o do capital. Enfatiza a urgência de investir na modelagem de um protocolo metaontológico para uma IA ética e responsável.

Referências Bibliográficas e Apêndice:

Listagem das fontes utilizadas ao longo da dissertação. O Apêndice oferece notas suplementares e complementações para aqueles que desejam aprofundar os conhecimentos em Filosofia e em outros temas correlatos.