Leandro, li seu livro e agora não consigo mais ignorar as ciladas que me cercam. Obrigado por destruir minhas ilusões – e agora, o que eu faço com essa lucidez incômoda? Será que o Neocinismo é mesmo a única saída, ou isso também é só mais um jogo com regras ocultas? Me convença de que ainda vale a pena jogar.

Então é isso? Passei a vida acreditando que havia um manual secreto para vencer o jogo, só para descobrir que ele sempre foi manipulado pelos VIPs? Se o cinismo selvagem é a resposta, onde pego meu cartão de membro? Aguardo instruções antes que eu volte a ser um figurante ingênuo nesse teatro existencial.

Leandro, terminei seu livro e agora olho para o mundo como se estivesse enxergando a Matrix rodando em tempo real. Mas e aí, o que faço com essa nova visão? Como é que se joga esse jogo quando se sabe que todas as regras são forjadas?

Se a hesitação é o sinal de que estamos prestes a cair numa cilada, então minha vida inteira tem sido um grande alarme vermelho piscando. Me diz, Ortolan, há alguma atalho secreto nesse jogo ou a única saída é rir do próprio fracasso?

Você diz que a Filosofia Selvagem é um ataque, e eu senti cada golpe enquanto lia seu livro. Mas, depois de demolir tantas ilusões, o que sobra? Ou será que o grande truque é perceber que não há nada para substituir o que foi destruído?

Depois de ler seu livro, sinto que posso identificar as engrenagens do sistema rodando ao meu redor. Mas e agora? Tento sabotar a máquina ou apenas aprendo a rir dela enquanto ela me engole?

Você fala de um jogo onde alguns manipulam as regras e outros apenas reagem. Mas e se eu quiser ser um jogador diferente, um que não apenas participe, mas que invente seu próprio jogo? O Neocinismo permite isso ou estou apenas trocando uma ilusão por outra?

Terminei o livro e estou com a nítida sensação de que fui expulso de um sonho confortável e jogado em uma realidade onde não há mais anestesia. Obrigado por me acordar, mas o que faço agora que sei que o despertador não tem botão de soneca?

Você fala do Neocinismo como um antídoto para a ingenuidade da vida moderna. Mas ser cínico não significa também estar condenado a assistir tudo ruir com um sorrisinho irônico no rosto? Ou há alguma forma de agir sem ser engolido pelo jogo?

Se a moral, a ideologia e até a felicidade são ilusões convenientes, então qual é o grande troféu no final dessa partida? Ou o único jeito de vencer é entender que não há prêmio algum?

Gostaria de discordar de você, mas o problema é que seu livro fez sentido demais. Isso me coloca numa posição desconfortável, porque agora não consigo mais fingir que as narrativas que me vendem fazem sentido. Como é que você lida com isso sem surtar?

Li seu livro e agora desconfio até do motivo que me fez querer ler seu livro. Ortolan, e se a Filosofia Selvagem for apenas mais uma peça do jogo, uma nova forma de distração sofisticada para nos manter ocupados enquanto a vida passa?