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3º Encontro de Investigação FLUP | 2025

3º Encontro de Investigação FLUP

Mapear Saberes, Redes e Intersecções
25-26 de Novembro de 2025  | Faculdade de Letras da Universidade do Porto

A Digitalização da Dor Crónica: Aspetos relevantes aos profissionais de saúde e aos tratamentos

Com base no Projeto de Tese ‘A Digitalização da Dor Crónica’, abrigada no Instituto de Filosofia/FLUP, FMUP e VOH.COLAB, proponho destacar importantes contributos que as Humanidades podem oferecer aos processos de digitalização da realidade existencial em termos fenomenológicos, e seus desafios.

A doença representada é da dor crónica. Sua digitalização emerge como um fenómeno complexo que reconfigura a experiência subjetiva do sofrimento e as práticas clínicas contemporâneas, a partir de distintas perspetivas: profissionais de saúde, doentes e cuidadores. Esta comunicação propõe mostrar os meios e progressos da investigação em curso, ainda com maior peso nos profissionais de saúde, e provocar uma reflexão filosófica sobre os impactos da digitalização da dor no âmbito dos cuidados de saúde, mapeando as transformações introduzidas nas práticas profissionais e nas abordagens terapêuticas. Destacar-se-ão os desafios das interações com as partes envolvidas, até então e, também, abertura aos campos em saúde digital ainda carentes de novos investigadores das Humanidades.

Argumentarei que a perceção da doença, seja digital ou não, não constitui uma mera mediação técnica neutra, e acaba por ser uma reconfiguração ontológica da experiência do sofrimento percebido pelos profissionais de saúde. Defenderei que as tecnologias digitais não apenas instrumentalizam o cuidado, mas poderão transformar fundamentalmente o que significa experienciar, comunicar e tratar a doença. Esta transformação manifesta-se em três dimensões interligadas: (1) a objetivação algorítmica de experiências subjetivas essencialmente qualitativas; (2) a criação de novas formas de subjetivação através da quantificação contínua do sofrimento; e (3) a reconfiguração das práticas clínicas e das relações terapêuticas. Minha hipótese defende que não apenas compreender criticamente estas transformações tecnológicas, mas principalmente moldá-las, seja fundamental para desenvolver práticas de saúde digital mais humanas, éticas e clinicamente eficazes.

Palavras-chave: digitalização da dor, ontologia, bioética, inteligência artificial, humanidades digitais

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, Portugal.

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